quarta-feira, 29 de setembro de 2010

História de massacres


Entrevista foi publicada originalmente no jornal O Estado de S.Paulo

Raquel Cozer – O Estado de S.Paulo



Um breve relatório da ONU, datado de 13 de novembro de 1956, dava conta de rumores de atrocidades na Faixa de Gaza. Questionada, a então ministra de Assuntos Exteriores de Israel, Golda Meir, confirmou o registro de “algumas baixas” entre palestinos após uma tentativa de pilhagem. Era situação resolvida, afirmou.
Teria sido também esquecida se, quase meio século depois, uma citação àquele relatório da ONU em um livro de Noam Chomsky não tivesse chamado a atenção do maltês naturalizado americano Joe Sacco. 

Desenhista autodidata e jornalista por formação, pioneiro do chamado jornalismo em quadrinhos, Sacco resolveu investigar o caso a fundo. Era algo que já havia feito com passagens mais recentes da história na graphic novel Gorazde, sobre a Bósnia, e em Palestina, pela qual ganhou, em 1996, um American Book Award.

Ao revirar arquivos e entrevistar mais de 100 pessoas envolvidas, Sacco descobriu que os rumores se referiam a dois massacres ocorridos nas cidades de Khan Younis e Rafah, em 3 e 12 de novembro de 1956, quando foram mortos a tiros, respectivamente, 275 e 111 civis palestinos.

Eram crimes que poderiam passar despercebidos em meio ao intermináveis conflitos no Oriente Médio, mas que, em Notas Sobre Gaza, lançada no ano passado em língua inglesa e que sai neste semestre pela Quadrinhos na Cia., ganha contornos tão humanos quanto difíceis de acreditar. Em conversa por telefone com o Estado, de Portland, onde vive, Sacco falou sobre o trabalho que lhe tomou sete anos entre pesquisa e realização. Veja trechos a seguir.

No livro, vários palestinos dizem que o que aconteceu em 1956 não era importante. Por que tinha tanta certeza de que era?

Os massacres em si eram importantes. Na história do conflito entre palestinos e israelenses, os dois incidentes estão entre os maiores com morte de civis. O de Khan Younis teve o maior número de mortes de civis num único dia em solo palestino. Se os sobreviventes estavam vivos, por que não falar com eles em vez de apenas confiar nos poucos parágrafos do relatório da ONU, que não esclarecem o que houve? Mas ainda há outro lado. Os incidentes fazem parte de um continuum de ataques. As pessoas mais novas, especialmente, perguntavam: “Por que quer saber dessas histórias velhas com tudo o que está acontecendo?” O ponto é que, como jovem no Oriente Médio, você não digere o que aconteceu porque há sempre algo novo sendo enfiado goela abaixo. É triste alguém pensar que não vale a pena olhar para trás.

Mas, entre os mais velhos, havia interesse em falar das guerras de 1948 e 1967.

Sim, isso é verdade. Também acontecia de eles confundirem períodos. Houve tanta coisa difícil na história deles que às vezes eles não sabiam mais dizer o que aconteceu e quando.

Como foi o trabalho de filtrar depoimentos contraditórios?

Bem, você tem que olhar para as lembranças de pessoas sobre o que aconteceu há 50 anos com… não diria ceticismo, mas é preciso olhar de perto para dizer o quanto é de fato verdadeiro, o quanto do que outras pessoas disseram a elas passa a fazer parte das memórias delas também. Não é que não confiasse nelas, mas fiz questão de mostrar em Notas Sobre Gaza essas contradições nos depoimentos para que o leitor conhecesse um problema que enfrentei. O que importa é que o arco da história é real. Algumas pessoas se confundiram, outras disseram coisas que não encaixam na história, mas o arco é real.

Foi difícil achar ex-soldados israelenses dispostos a falar?

Sim, muito. Falei com militares e pesquisadores israelenses que tentaram me ajudar, e também fiz buscas em arquivos. Dois comandantes com quem falei disseram não se lembrar de nada daquilo. Não disseram que não aconteceu, disseram que não se lembravam. Eu questionava às pessoas como podia saber mais sobre o assunto e me recomendavam algum historiador. Daí o historiador dizia que talvez tivesse ouvido algo, mas que não tinha examinado mais detidamente. Minha esperança é que o livro possa fazer as pessoas se voltarem a esse assunto.

Você não teria interesse em retratar como se sentem os israelenses em meio aos conflitos?

Sei que eles sofrem, não há dúvida. A sociedade israelense também sofre com os atentados de palestinos, um lado alimenta o ódio no outro. Mas moro nos EUA, onde a história do lado israelense é muito bem contada, todos conhecem. Aqui, é do lado palestino que nunca se fala. Quero falar das pessoas que saíram como perdedoras na história. Nos EUA, em especial, a palavra palestino é associada ao terrorismo. Quero mostrar o contexto do que acontece. Poderia escrever sobre o lado de Israel, mas sobre isso é possível ler o tempo todo nos jornais.

Houve reações fortes a Notas Sobre Gaza em Israel?

Não repercutiu muito. Uma jornalista israelense escreveu um longo artigo sobre o livro e aquele período. Não soube de muitas reações. Um dos comandantes com quem falei disse à Associated Press: “Isso nunca aconteceu”. Vi as notas da nossa conversa, e ele não tinha negado. Disse só que não tinha ouvido falar. O que é diferente.

Além de resgatar o passado, você relata fatos no presente, como as demolições de casas palestinas próximo à fronteira por forças israelenses…

Bem, não podia deixar de fora o que estava vendo porque, em última instância, eu estava lá e vi tudo. Alguém tinha que registrar aquilo de alguma maneira. As demolições agora também fazem parte da história.

Houve algum trecho específico da história que tenha sido mais difícil de retratar?

Perto do final, quando mostro as pessoas pegando os corpos depois dos massacres, as mulheres removendo os corpos. Foi muito difícil. Tive que fazer daquilo uma passagem curta porque me senti nauseado de desenhar tantos cadáveres, era uma coisa tão repulsiva…

Mas, mesmo com o traço tão realista, com imagens que chocam, você evitou uma certa morbidez que seria possível ao retratar os massacres.

Bem, não queria esfregar tudo na cara dos leitores. A coisa boa do desenho é que serve como filtro. Não sei quanto a você, mas se eu visse um filme com aquelas imagens… É de deixar doente. Mesmo fotografias, seria difícil ver um livro com fotografias de situações como aquelas. Com desenho, não se pode dizer que seja agradável, mas é possível olhar. Além disso, até onde sei, não há fotos daqueles massacres. Com o desenho, com acesso a fotografias de como eram as pessoas ou os campos de refugiados, você pode até certo ponto recriar isso.

Esse cenário conflituoso você já tinha retratado em Palestina. Como começou a se interessar por aquela região?

Quando estava no colégio, eu associava palestinos com terrorismo porque toda vez que ouvia falar neles tinha a ver com bombas ou ameaças. Então fui estudar jornalismo, e, quando comecei a entender o que acontecia no Oriente Médio, me dei conta: os americanos sempre se colocaram como os grandes expoentes do jornalismo, mas nunca me contaram direito o que está acontecendo. Eu me senti traído pela minha profissão. Então, nos anos 80, quis tirar essa história a limpo. Não estava certo do que veria, mas achei que podia retratar minhas experiências na Palestina.

E foi daí que veio a ideia de fazer jornalismo em quadrinhos?

Bem, Palestina foi o primeiro exemplo disso. Não estava pensando em criar uma nova… forma de arte ou seja o que for. Não foi uma decisão consciente, foi meio orgânico. Pensei: vou viver essas experiências, falar com as pessoas, anotar e colocar isso junto. É claro, eu tinha o background jornalístico e isso teve impacto no formato que a coisa tomou, mas só depois comecei a pensar mais claramente no que estava fazendo. Foi na história sobre a Bósnia (Gorazde) que comecei a pensar conscientemente em jornalismo em quadrinhos.

Antes disso, quais eram suas influências como quadrinista?

Provavelmente minha maior influência foi Robert Crumb. Meu desenho era meio parecido com o dele e, a certa altura, achei que devia desenhar de maneira mais realista. Não sei, nunca estudei arte, só tentei tornar mais realista. Meus desenhos sempre serão cartuns, porque foi como comecei. Não consigo desenhar melhor do que desenho e está bem assim, acho que está realista o suficiente.

Você teria interesse em criar uma história de ficção?

Sim, tenho grande interesse. Para ser honesto, estou meio cansado de fazer jornalismo. E passei sete anos fazendo esse livro. Há outras coisas que gostaria de experimentar. Algo mais satírico, engraçado, ou um ensaio, teologia, filosofia, não sei bem.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Os maiores clássicos de Batman - Primeira parte

Como eu havia prometido, segue uma rápida reseha de algumas das mais importantes histórias de Batman já lançadas no Brasil. Não deixe de procurar no sebo mais perto da sua casa.

Vítimas inocentes
A história mostra Batman viajando a um país cujo nome lembra as repúblicas do leste europeu, para investigar a morte de um funcionário das indústrias Wayne, vítima de uma mina terrestre, e o desaparecimento de sua filha. Com roteiro de Dennis O’Neil e desenhos de Joe Staton. A história foi publicada originalmente em 1996 pela DC Comics, em parceria com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos e com o Fundo das Nações Unidas para a Infância e distribuída para milhões de crianças na Bósnia, América Central e Kosovo. O rendas pela comercialização da revista foram revertidas a entidades de combate às minas terrestres. A edição brasileira, lançada em 2003 pela Mythos Editora, reúne ainda uma série de informações sobre a campanha mundial pela erradicação de minas terrestres.


Absolvição
Batman empreende uma busca através de três continentes para achar uma mulher que dez anos antes havia sido responsável por um atentado às empresas Wayne. A personagem Jennifer Blake tenta encontrar o perdão para seu crime trabalhando como voluntária no atendimento de crianças e idosos na Índia. A história tem roteiro de J.M DeMatteis e desenhos de Brian Ashmore. Aliás, a arte desta revista é o seu ponto alto. Brian usa um jogo de luz e sombras que confere dramaticidade à narrativa. A edição brasileira foi lançada em 2005 pela Panini.

O Estigma do Batman
Uma inusitada história de Batman onde o homem morcego não aparece uma única vez. O roteiro de Christopher Golden e Tom Sniegoski apresenta um jovem com deficiência mental leve que vive um mundo de fantasia e se considera o próprio herói em pessoa. Para salvar seus amigos em perigo ele enfrenta as gangues do bairro e acaba espancado na rua. Além do roteiro criativo, o traço de Marshall Rogers é refinado, com um toque de humor. “O Estigma...” foi lançado no Brasil pela Mythos Editora em 2002.

O Messias
A história tornou-se um dos maiores clássicos de Batman. Lançada originalmente no Brasil em 1989, “O Messias” foi reeditada em 2007. O roteiro é assinado por Jim Starlin e a arte é de Bernie Wrightson. A história mostra o homem morcego enfrentando um fanático religioso que usa alucinógenos para subjugar uma legião de seguidores. O próprio Batman é submetido a elevadas doses de droga e se transforma em um corrompido seguidor do misterioso líder Blackfire. Messias revelou aos fãs uma face poucas vezes vista do herói.

Batman Ano 100
Publicada em dois volumes, a história do premiado Paul Pope e José Villarrubia mostra o personagem Batman ambientado em uma Gotham futurista, em 2039. Em um mundo totalitário, dominado por uma polícia psíquica, o homem de capa ressurge 100 anos depois da sua primeira aparição como símbolo de um passado de resistência. A revista foi lançada pela Panini e teve como mérito revelar aos leitores brasileiros o trabalho do fabuloso artista Paul Pope.

Batman Houdini
O maior mágico de todos os tempos se une ao maior de todos os detetives. Ambientada no ano de 1907, a história mostra o mágico e Batman juntos para encontra e prender o misterioso assassino de crianças nas ruas de Gotham. O roteiro é assinado por Howard Chaykin e John Francis Moore e os desenhos são de Mark Chiarello. A edição brasileira foi lançada em 1995 e se tornou um item de colecionador.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Camelot 3000 - clássico revisitado



Uma grande notícia! 

A editora Panini anuncia o relançamento de um dos maiores clássicos da História em Quadrinhos: Camelot 3000. Lançada originalmente no Brasil na década de 80, a história tornou-se uma lenda ao lado de Watchmen, V de Vingança, O Cavaleiro das Trevas e Piada Mortal – todas elas publicadas nos anos 80.   

Camelot 3000 traz a história do Rei Artur e sua távola redonda transposta para o futuro. Os autores Mike W. Barr e Brian Bolland criam uma trama revolucionária para a época, inclusive com cenas explícitas de homosexualidade. Com a terra invadida por criaturas alienígenas, Artur e seus companheiros vão travar uma batalha com armas futuristas para salvar o planeta.

Uma pedida imperdível para quem quer ter na estante uma das obras fundamentais da Nona Arte e que influenciou uma legião de artistas nos anos seguintes.

A expectativa fica por conta da qualidade gráfica desta reedição e do preço que a editora deve colocar em capa. A última reedição de Camelot 3000, pela Editora Mythos, foi alvo de muitas críticas pelo preço e pela qualidade da 
revista (papel, tinta...)

Agora é torcer os dedos e aguardar...


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mulheres que amam demais


Por que uma mulher resolve procurar na cadeia um homem condenado por assassinatos e estupros? Que tipo de fascínio esses assassinos em série despertam sobre centenas de mulheres a ponto de se tornarem campeões em número de correspondências recebidas? O que leva uma mulher a se casar (na cadeia) com um homem que responde por 10 assassinatos e violência sexual contra outras mulheres?

Para tentar buscar respostas para estas perguntas, o jornalista Gilmar Rodrigues realizou uma pesquisa de quatro anos. Ao longo deste período ele entrevistou quase 100 pessoas, entre presos, mulheres, delegados, policiais, psiquiatras e outros personagens e buscou traçar o perfil psicológico destas mulheres. O resultado desta investigação pode ser conferido no livro “Loucas de Amor”, lançado pela Editora Ideias a Granel e na versão em quadrinhos do livro-reportagem feito em parceria com o artista Fido Nesti (um nome já respeitado no universo dos quadrinhos brasileiros).


O projeto é inédito. Pela primeira vez o mercado editorial do país faz um lançamento simultâneo em quadrinhos e leitura convencional. Uma forma ousada de levar o conteúdo da reportagem de Gilmar Rodrigues a novos públicos. A proposta do quadrinho era desvendar os bastidores da investigação jornalística. São sete histórias que se encadeiam: os tranqueiras, os jacks (modo como os assassinos sexuais são conhecidos na cadia), eu não sou Jack, o bandido uiva para a lua, anão de Ananindeua, as mulheres dos jacks, cartas marcadas de batom e querido diário. Gilmar e Fido abordam a trajetória de assassinos que alcançaram notoriedade pública, como: o maníaco do parque – Francisco de Assis Pereira e o bandido da luz vermelha – João Acácio da Costa.

Em suas entrevistas, Gilmar encontrou mulheres com alguns traços em comum: autoestima baixa, com poucas perspectivas e “problemas na formação do sentimentos”. Muitas apresentam um histórico de abandono ou abuso sexual e uma dificuldade de lidar com o sexo masculino. A maioria delas relata que são tratadas como rainhas pelos condenados... “As mulheres que se correspondem com o Maníaco do Parque dificilmente falam em sexo. Quanto mais perigoso, sanguinário e sexualmente predador, mais elas desenvolvem uma visão romântica deles”, diz Gilmar. As mulheres ouvidas pelo jornalista eram de diferentes idades e classes sociais. Algumas com pós-graduação.


Ao final, Gilmar não consegue desvendar completamente o enigma... Fica a mesma dúvida do início da sua investigação: "Essas mulheres correm o risco de se tornarem vítimas desses criminosos... na penitenciária de Itaí, no interior paulista, onde estão confinados apenas homens condenados por crime sexual, há mulheres, até casadas, que escrevem para os presos, ansiosas por um relacionamento amoroso", diz.

Um dos casos mais surpreendentes é o ocorrido com o Maníaco do Parque. “Marisa Mendes Levy, pós-graduada em História, de família judaica e classe média alta, o viu pela primeira vez na televisão, concedendo entrevista. Ela se interessou e mandou uma camiseta com alguns dizeres. Depois que ela havia desistido, o viu novamente na TV vestindo a camiseta. Ela escrevia de dois em dois dias para ele, cartas enormes", afirma Rodrigues em entrevista concedida à revista época. "Durante todo o trabalho, busquei uma razão capaz de explicar o fenômeno, explicar essa atração feminina. Em vez de encontrar duas ou três respostas diretas, elas se multiplicaram em cada caso, cada vida. Em mim sobrou uma profunda tristeza. Um retrato perturbador da solidão e da miséria humana".

Confira uma entrevista com Gilmar Rodrigues na MTV

Pausa para a boa música

O clássico Let It Be, em uma versão gospel. A cena faz parte do filme "Across the Universe" - imperdível para os fãs dos Beatles...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O universo paralelo de José Carlos Fernandes



O voo 713 para Belize nunca chegou ao seu destino. O aparelho foi encontrado dois dias depois, nas profundezas da selva do Yucatan, perto de Uxmal, não muito danificado. Mas da tripulação e passageiros, nem rasto. Quando os peritos aeronáuticos analisaram as caixas negras do aparelho ficaram perplexos: em vez do registo das conversações no cockpit e das comunicações entre o avião e os controladores aéreos, as fitas continham apenas histórias insólitas e aparentemente sem nexo, narradas por uma voz arrastada e monocórdica, que não foi identificada como pertencendo a qualquer dos membros da tripulação...


O português José Carlos Fernandes, um dos maiores expoentes da nona arte da atualidade, está lançando no Brasil (com um atraso de 4 anos) um dos seus projetos mais audaciosos: Black Box Stories. O artista já é conhecido mundialmente graças à série “A Pior Banda do Mundo” (já comentada no Nona Arte). José Carlos é dono de uma criatividade sem igual. O artista tem um ritmo intenso de produção e conseguiu produzir um universo paralelo, com tipos inacreditáveis dignos de um romance de Mia Couto...

A produção de José Carlos é tão intensa que ele já acumula centenas de histórias prontas para serem convertidas em quadrinhos. Para dar vazão a parte dessas histórias, o artista português decidiu buscar uma parceria com outros desenhistas e lançou a primeira parte de uma nova e promissora série a “Black Box Stories” ou Histórias da Caixa Preta... Nesta primeira edição, José Carlos Fernandes tem a companhia do desenhista Luís Henriques, um desconhecido e talentoso artista português.

Com estas parcerias, José Carlos consegue dois excelentes resultados: dar vazão às suas histórias e oferecer aos seus leitores outras interpretações – muitas vezes mais adequadas às suas histórias que o seu próprio traço.

Em “Tratado de Umbrografia”, o artista nos brinda com seis histórias fascinantes: Tratado de Umbrografia, Elegia americana, A substância de que são feitos os sonhos, A feira de políticos manuseados, Zuma – o tatuador e O avanço do deserto. Assim como já havia feito nos seis volumes já lançados de “A pior banda do mundo”, José Carlos revela personagens fantásticos, como: o homem que tem seus sonhos materializados, o tatuador que cria imagens que submetem seus clientes às suas vontades ou o homem que busca encontrar uma forma de arte para expor seus sentimentos...

Sem deixar de adotar uma boa dose de humor (sua marca registrada), José Carlos alcança em "Tratado..." um nível inédito de lirismo. Ao mesmo tempo, o jovem e talentoso Luís Henriques consegue imprimir uma personalidade de traço para cada história... desde o etéreo "A substância de que são feitos os sonhos" até o agressivo "Zuma - o tatuador"...

Tratado de Umbrografia está sendo lançado pela Editora Devir. Imperdível.