domingo, 29 de agosto de 2010

Pausa para a boa música - Mais um Jazz de Blacksad

Blacksad - um detetive com sete vidas


Durante o período da Guerra Fria, qual seria o melhor modo de impedir o início de um conflito nuclear entre as duas maiores potências mundiais? Ao longo das quatro décadas que duraram a rivalidade entre Estados Unidos e União Soviética, essa era a pergunta que dominava o cenário da política internacional. O fato é que, por mais paradoxal que possa parecer, foram as armas atômicas o maior argumento para evitar a Guerra Total... Em outras palavras, foi apenas por saber que o adversário tinha armas iguais às suas, que russos e americanos jamais começaram uma nova guerra mundial.

Partindo desse contexto, os artistas espanhois Juan Díaz Canales e Juan Guarnido produziram um dos mais criativos romances gráficos desde de Watchmen (de Alan Moore). Blacksad – Alma Vermelha conta a história de um cientista/pacifista que repassa segredos nucleares aos inimigos para tentar assegurar um tênue equilíbrio de forças entre as duas superpotências. A história faz parte de uma das mais bem sucedidas séries dos quadrinhos mundiais, vencedora de prêmios na Espanha, França, Bélgica e Estados Unidos. Detalhe fundamental: todos os personagens de Blacksad são seres antropomorfos – fusão entre homens e animais. O personagem que dá nome à série, o detetive John Blacksad, é um gato preto metido constantemente em confusões com tigres, cachorros, jacarés, raposas, ursos... 

Essa não é a primeira vez que um autor usa este tipo de recurso em um romance gráfico. O artista americano Art Spielgman havia representado judeus e alemães como ratos e gatos no seu clássico ´´Maus´´ - que conta a história dos campos de Auschwitz. Mas Juan Canales e Juan Guarnido se utilizam deste recurso de forma ainda mais ousada e magistral. O traço de Guarnido é um dos melhores do quadrinho atual. Ele consegue imprimir, com enorme competência, expressões humanas a rostos de animais... O autores brincam com os estereótipos e retratam gorilas e lagartos como seguranças de mafiosos, raposas jornalistas, gatas insinuantes, cachorros policiais...

As duas primeiras histórias de Blacksad foram lançadas no Brasil em 2006, com um atraso de seis anos da primeira edição francesa. A primeira história – Em algum lugar entre as sombras – mostra o detetive investigando a morte de uma ex-namorada, que havia se envolvido com um perigoso gangster. No segundo volume – Nação Ártica – Blacksad investiga o seqüestro de uma menina ´´mestiça´´ em meio um conflito racial.

A Editora Panini deve lançar “Alma Vermelha” ainda neste ano. Um grande mérito da Editora foi o de manter os livros a preços acessíveis e disponibilizá-los em bancas. Isso mostra uma preocupação com a formação de novos públicos. Fato – infelizmente – raro por aqui quando, quase sempre, as boas HQs se transformam em livros caros, para leitores iniciados.

Confira uma edição de imagens de "Alma Vermelha" ao som de um excelente jazz. O clima perfeito para uma fantástica história policial.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Uma boa e uma má notícia



A editora HQ Maniacs acaba de divulgar uma notícia que ao mesmo tempo em que atende a uma antiga expectativa dos  colecionadores de quadrinhos, frustra aqueles que almejam o crescimento do número de leitores e a valorização da linguagem dos quadrinhos na cultura nacional.

A HQM está relançando no Brasil a fantástica série Classics Illustrateds,  editada no Brasil pela Editora Abril na década de 80. A coleção original, publicada nos Estados Unidos, reunia 27 títulos. Mas apenas 12 números chegaram por aqui.

A HQ Maniacs promete agora lançar toda a série e outros três títulos inéditos que nunca haviam sido publicados em nenhum outro país. O primeiro livro será uma versão de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, pelo premiado artista Kyle Baker.

A minha crítica fica por conta do preço pelo qual a série será vendida no Brasil - R$ 39,00 para o primeiro volume. É lamentável ver uma excelente oportunidade de atrair e formar novos leitores para a Nona Arte ser perdida desta forma. Por este preço, a coleção acabará restrita às livrarias (ao contrário da primeira versão lançada pela Abril, que foi comercializada nas bancas de revistas). 

A Abril lançou nos anos 80 os títulos: Moby Dick, Grandes Esperanças, Hamlet, O Conde de Monte Cristo, A Ilha do Dr. Moreau, As aventuras de Tom Sawyer, A Queda da Casa dos Usher, O Morro dos Ventos Uivantes, A Letra Escarlate, A Ilha do Tesouro, Cyrano de Bergerac, e O Presente de Natal e Outras Histórias.


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Pausa para a boa música

David Fonseca, ex-lider da banda portuguesa Silence 4

Batman para gente grande


Quem acompanha o Nona Arte sabe que quadrinhos é coisa séria. Mas em meio a tantos posts sobre romances gráficos, biografias históricas, narrativas de guerras, talvez você estranhe esta nota sobre Batman. Afinal, pode pensar um leitor incauto, o que faz um heroi em um blog sobre literatura e quadrinhos? Explico....

Batman é, na minha concepção, o melhor e mais complexo personagem dos quadrinhos mundiais. Seus conflitos psicológicos, seus traumas de infância, sua inteligência... fazem dele um heroi muito acima da média dos demais.

Algumas das histórias de Batman tornaram-se clássicos da cultura pop, como: Piada Mortal, de Alan Moore (o mesmo autor de Watchmen) ou Asilo Arkham....

A boa notícia para os fãs do cavaleiro das trevas é que está chegando ao mercado europeu um box que reúne algumas das melhores histórias já criadas com o homem morcego:
  1. Año uno, de Frank Miller y David Mazzucchelli
  2. Batman y los hombres monstruo, de Matt Wagner
  3. Batman y el monje loco, de Matt Wagner
  4. El hombre que ríe, de Ed Brubaker y Doug Mahnke
  5. Veneno, de Denny O’Neil, Trevor Von Eaden, Russell Braun y José Luis García López
  6. La broma asesina, de Alan Moore y Brian Bolland
  7. El largo Halloween, de Jeph Loeb y Tim Sale
  8. Victoria oscura, de Jeph Loeb y Tim Sale
  9. Momentos decisivos, de Greg Rucka, Ed Brubaker, Chuck Dixon, Steve Lieber, Dick Giordano, Bob Smith, Brent Anderson, Paul Pope y Claude St. Aubin
  10. Joker, de Brian Azzarello y Lee Bermejo
  11. Locura, de Jeph Loeb y Tim Sale
  12. Robin. Año uno, de Chuck Dixon, Scott Beaty, Javier Pulido, Marcos Martín y Robert Campanella
  13. Reglas de compromiso, de Andy Diggle y Whilce Portacio
  14. La gata y el murciélago, de Fabian Nicieza y Kevin Maguire
  15. El culto, de Jim Starlin de Berni Wrightson
  16. Una muerte en la familia, de Jim Starlin y Jim Aparo
  17. Justicia ciega, de Sam Hamm, Denys Cowan y Dick Giordano
  18. Arkham Asylum, de Grant Morrison y Dave McKean
  19. Secretos, de Alex Sinclair y Sam Kieth
  20. Un lugar solitario para morir, de Marv Wolfman, George Pérez y Jim Aparo
  21. Terrores nocturnos, de Chuck Dixon, Jim Aparo y Norm Breyfogle
  22. La venganza de Bane, de Chuck Dixon, Graham Nolan y Eduardo Barreto
  23. El murciélago roto, de Chuck Dixon, Jim Aparo y Graham Nolan
  24. El ángel oscuro, de Chuck Dixon, Graham Nolan
  25. La cruzada, de Chuck Dixon, Mike Manley y Graham Nolan
  26. Restos mortales, de Chuck Dixon, Graham Nolan
  27. Demonios, de Chuck Dixon, Graham Nolan
  28. Baile oscuro, de Doug Moench y Mike Manley
  29. La búsqueda, de Alan Grant y Bret Blevins
  30. El regreso del murciélago, de Doug Moench y Mike Manley
  31. Pródigo, de Chuck Dixon, Alan Grant, Doug Moench, Bret Blevins y Romeo Tanghal
  32. Troika, de Chuck Dixon, Graham Nolan
  33. Cataclismo, de Chuck Dixon, Graham Nolan
  34. Atrapado, de Chuck Dixon, Graham Nolan
  35. Al final de día, de Chuck Dixon y Mark Buckingham
  36. Ciudad muerta, de Chuck Dixon y Mark Buckingham
  37. Tierra de nadie, de Greg Rucka y otros
  38. La fe del miedo, de Greg Rucka y otros
  39. Guerra territorial, de Greg Rucka y otros
  40. Harley Quinn, de Paul Dini, Yvel Guichet y Aaron Sowd
  41. Ciudad sin ley, de Greg Rucka y otrosç
  42. Efectos personales, de Devin K. Grayson y Paul Ryan
  43. El regreso de Ra’s al Ghul, de Grant Morrison, Fabien Nicieza, Peter Milligan, Tony Daniel y otros
  44. La muerte y las doncellas, de Greg Rucka y Klaus Janson
  45. Un paseo por el parque, de Greg Rucka y Shawn Martinbrough
  46. Agente herido, de Greg Rucka, Ed Brubaker, Chuck Dixon y otros
  47. Santuario, de Ed Brubaker y Scott McDaniel
  48. Bruce Wayme ¿asesino?, de Ed Brubaker, Greg Rucka y otros
  49. Bruce Wayne fugitivo, de Ed Brubaker, Greg Rucka y otros
  50. Tabula rasa, de Scott Beatty y otros
  51. El regreso del caballero oscuro, de Frank Miller y Klaus Janson
Agora é torcer muito os dedos e esperar que este lançamento chegue ao mercado brasileiro. A maioria dessas histórias inseridas na série lançada na Espanha já foram publicadas no Brasil, algumas delas há quase vinte anos, e se tornaram objetos de cobiça de colecionadores.

Prometo trazer em breve comentários sobre as melhores histórias....

Por enquanto, fique com um comercial sobre a coleção recém lançada...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Magneto: o sobrevivente


Uma criança separada dos pais, em pleno campo de concentração de Auschwitz, contorce as grades de ferro da cadeia apenas com o poder da mente... Quando Bryan Singer, diretor do filme X-Men, criou a sua versão para a origem do personagem Magneto, deixou uma legião de fãs imaginando: como teria sido a história da humanidade, se seres com poderes extraordinários tivessem existido e confrontado a violência de regimes como as ditaduras de Hitler ou Stalin.

Aquela criança, que se tornaria o poderoso personagem Magneto, fez sua estreia nos quadrinhos em 1963 e de lá para cá, esteve presente ao longo de toda a saga dos X-Men. Agora Magneto ganha uma edição especial, que acaba de chegar ao Brasil pela editora Panini. A história foge completamente ao padrão das demais histórias da série. Em lugar de centrar sua atenção sobre as incríveis habilidades de Magneto, o livro prefere se dedicar integralmente ao relato do drama dos judeus durante o Holocausto. As poucas manifestações do poder de Magneto ao longo da história passam praticamente sem serem notadas. Nada de barras de ferro contorcidas ou de armas e soldados destruídos. Em lugar disso, apenas morte e sofrimento.
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O livro começa na adolescência de Magneto – ainda chamado de Max Eisenhardt – e narra o início da repressão contra os judeus na Alemanha, a fuga de milhares deles para a Polônia, a deportação para os campos e o genocídio. Magneto-Testamento é cuidadoso na reprodução de dados históricos. Ao longo de todo o livro, há notas informativas que ajudam a situar o leitor sobre os acontecimentos. Como o assassinato do adido alemão Ernest vom Rath em Paris por um adolescente judeu – Herschel Grynszpan – cuja família havia sido deportada da Alemanha para a Polônia. O crime daria início a uma onda de violência indiscriminada contra judeus na Alemanha e na Aústria. Cerca de 7.500 estabelecimentos comerciais pertencentes a judeus foram saqueados e depredados. A partir deste momento, a legislação anti-semita se tornaria cada vez mais dura.
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Os dois momentos mais marcantes da história, entretanto, seriam: a narrativa sobre a vida no Gueto de Varsóvia, onde todos os judeus deportados seriam obrigados a viver em uma área vigiada de 3,5 quilômetros de extensão; e – como não poderia deixar de ser – as histórias do Campo de Auschwitz.
O trabalho de pesquisa dos autores é extremamente minucioso. Desde o cuidado com a reprodução dos ambientes e roupas, até o rigor na reconstituição histórica da rotina dos prisioneiros judeus. O traço e a opção de cores, acentuam o tom sombrio da história. A qualidade estética do trabalho é excelente, o que é valorizado pela excelente edição brasileira.

Ultraje Final






Para além da ficção, entretanto, o livro revela aos leitores uma outra história fantástica: a trajetória da artista Dina Babbitt, sobrevivente de Auschwitz, que foi obrigada, durante sua permanência no Campo, a pintar dezenas de quadros de outros prisioneiros submetidos às sádicas experiências do Dr. Mengele (conhecido como o Anjo da Morte). Após o fim da guerra, Dina fez carreira como desenhista de animação (incluindo produções para os estúdios Warner Brothers, Disney e MGM. A história de Dina foi reproduzida, em quadrinhos, ao final da história de Magneto e faz parte de uma campanha mundial que diversos artistas estão movendo para que o Museu do Holocausto, em Auschwitz, devolva à família de Dina (falecida em 2009), os desenhos feitos por ela, que compõe seu acervo.
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O posfácio de Magneto-Testamento é assinado pelo Diretor Editorial da Marvel, Stan Lee, e foi lançado originalmente na edição americana quando Dina ainda era viva. Lee fazia uma veemente defesa para que os trabalhos criados pela artista durante o cativeiro lhes fossem (por direito) devolvidos. Leia o editorial de Lee abaixo e assista a um vídeo sobre a campanha em defesa de Dina.




Editorial de Stan Lee sobre Dina Babbitt


Karin In the depths of the hell called Auschwitz, Dina Gottliebova (Babbitt) painted a mural of Snow White on the children’s barracks. She used a cartoon character to bring a few moments of joy to the Jewish children whose lives were about to be extinguished by the Nazis. Cartoon characters are part of a universal language of imagination that touches children --and more than a few adults-- in every corner of the globe.

Dina knowingly risked her life by undertaking that defiant gesture of humanity. She knew the Germans would not tolerate such defiance. Trapped in a world of horror and evil, where heroes were all too few, Dina demonstrated that she was a true hero.

Dina’s mural was discovered but, miraculously, her life was spared because the Germans had use for her artistic talent. Snow White saved Dina’s life and, in turn, Dina tried to save others. Compelled by the infamous Dr. Josef Mengele to paint portraits of Gypsy prisoners, Dina dragged out the process for as long as possible, knowing that as long as the prisoners were being painted, they would remain alive.

In the years after her liberation from Auschwitz, Dina continued to use cartoon characters to bring joy to children’s lives. Today, every time someone watches a cartoon with Daffy Duck, Wily E. Coyote, or Cap’n Crunch, they may very well be enjoying images that Dina helped create.

As for the images Dina created in Auschwitz, seven of those portraits somehow survived, and are being held by the Auschwitz State Museum. Dina wants them back, and she has every right to get them back. Surely she should be allowed to keep this one small piece of the life that the Nazis ripped from her and her family.

Those of us who work in the world of comic books and cartoons bear a special obligation to raise our voices in support of Dina’s effort to regain the portraits she painted in Auschwitz. When others were in need, Dina stood up for them. Today, we must stand up for Dina.

sábado, 14 de agosto de 2010

Os quadrinhos revisitam Auschwitz - parte 1


É inevitável. Quando pensamos no terror e absurdo da Segunda Guerra, a primeira imagem que imediatamente vem à cabeça da maioria da população ocidental é dos campos de concentração de Auschwitz; um conjnto de três grandes campos de extermínio nazista e outros 40 pequenos campos de apoio construídos na Polônia, a sessenta quilômetros da capital Cracóvia.

A indústria do cinema eternizou, em dezenas de filmes, o massacre de judeus, ciganos, homossexuais, intelectuais,prisioneiros de guerra e outros grupos perseguidos pelos alemães. Filmes como "A Vida é Bela", "A lista de Schilinder", "A escolha de Sofia", "O menino do pijama listrado", "Amarga sinfonia de Auschwitz" entre outros, fizeram com que o holocausto não caísse no esquecimento, mesmo passados mais de 65 anos. Fenômeno que não ocorreu com outros massacres recentes, como: guerra da Bósnia, o genocídio de Rwanda, a matança em Timor Leste, apenas para citar alguns exemplos.

As histórias de Auschwitz, como não poderia deixar de ser, também chegaram aos quadrinhos. Já há alguns anos, diferentes artistas vêm se dedicando a construir roteiros e ilustrações para romances gráficos que têm os campos como cenário... O Blog Nona Arte faz a partir de hoje, a avaliação de trabalhos elaborados sobre o tema, alguns deles inéditos no Brasil. Acompanhe o Blog nas próximas semanas

Maus, de Art Spielgman











Magneto, Testamento











Auschwitz, de Pascal Crocci











A Busca, de Eric Heuvel

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Quadrinhos contra o terror


 Uma ONG da Indonésia deve enviar a escolas e bibliotecas do país a partir do mês que vem uma história em quadrinhos que conta a vida do único autor ainda vivo do atentado de 2002 contra o balneário indonésio de Bali, no qual morreram 202 pessoas.

Ketika Nurani Bicara (“Quando a Consciência Fala”, em tradução livre), com tiragem de dez mil exemplares, narra a história de Ali Imron de jovem muçulmano a terrorista condenado.

O objetivo da publicação é alertar os jovens do país sobre o perigo do extremismo islâmico. Ali Imron cumpre atualmente sentença de prisão perpétua pelo ataque. Ele só não foi condenado à morte porque se mostrou arrependido e aceitou colaborar com a polícia.

"A partir do momento em que fui instruído a levar a bomba (...) havia dúvidas em meu coração. Será que isso é mesmo jihad (guerra santa)?", disse ele durante seu julgamento, em 2003.

Trama
A HQ é publicada pela ONG Lasuardi Birru, baseada na capital indonésia, Jacarta. A organização combate o extremismo entre jovens. A chefe da ONG, Dhyah Madya Ruth, disse à BBC que levou um ano para coletar o material para a história. "O mais difícil foi convencer Imron a colaborar. Também tivemos dificuldade por ele ter sido condenado por terrorismo, o que significou lidar com uma complicada burocracia", disse ela. A trama começa após a prisão de Imron e, olhando para trás, mostra como ele foi recrutado, o planejamento dos ataques de 12 de outubro de 2002, sua vida como fugitivo e a captura.
A história mostra ainda um muçulmano de Bali que ajudou as vítimas e uma muçulmana que perdeu o marido no ataque.

"Por ser baseada em uma história real, tudo no livro é um relato fiel dos envolvidos", disse ela.
"O objetivo do livro é simples, Imron deseja compartilhar sua experiência porque lamenta ter se envolvido com terrorismo. Ele quer evitar que os jovens façam o que ele fez", completa. No julgamento, Imron disse que Bali foi escolhida por ser frequentada por americanos, mas o fato de a maioria das vítimas ser australianos e indonésios levou a polícia a pensar que os autores estavam mal-preparados ou estavam sendo manipulados. Imron citou um líder religioso que teria dito que o ataque seria "parte da guerra santa para proteger o povo afegão dos americanos".

do site da BBC Brasil

terça-feira, 10 de agosto de 2010

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Johnny Cash - uma biografia



Álcool, drogas, sexo, música e sucesso. A história do rock está marcada por diversos artistas que tornaram-se ídolos e depois sucumbiram pela pressão do estrelato e do show bizz. Nomes como: Janis Joplin, Kurt Cobain, Jimi Hendrix, Jim Morrison, Sid Vicious, Brian Jones... fazem parte de uma imensa lista de artistas que conheceram de perto tudo o que a fama pode proporcionar, de melhor e de pior.

Estão chegando agora chegam ao Brasil as biografias em quadrinhos de dois artistas que experimentaram um pouco do céu e do inferno, escreveram seus nomes na história do rock e que viveram intensamente os primeiros anos do ritmo que mudaria a música e o comportamento dos jovens para sempre: Johnny Cash e Elvis Presley. Os dois projetos são resultado do trabalho do mesmo artista: o premiado autor alemão Reinhard Kleist e estão sendo lançados aqui pela editora 8Inverso. 

Reinhard Kleist conta que lembra o impacto que uma foto de Cash, em um disco que o pai tinha em casa, lhe causou ainda pequeno. ``Eu pensava, este cara é cool´´. O projeto original de Kleist era fazer versões ou interpretações em quadrinhos de clássicos do rock. Até que um amigo lhe emprestou uma biografia de Johnny Cash (The Beast in Me - de Franz Dobler). ``Eu nunca havia imaginado que um livro sobre um cantor country pudesse ser tão excitante. Quando terminei o livro,  estava absolutamente convencido que o meu projeto havia mudado.´´ 

Johnny Cash teve uma vida atribulada. Filho de uma família pobre, conheceu de perto a pobreza e o desalento. Ainda criança, ajudava o pai, a mãe e os irmãos na colheita de algodão produzido na fazenda da família. A mesma cultura que influenciara o surgimento do blues com o canto dos escravos em meio às plantações. Sobre este período da sua vida, Cash diria anos depois: ``Você não precisa ter vivido na pobreza para fazer uma música country bem-sucedida. Mas que ajuda, ajuda.´´

Foi nesta fase que Johny Cash viveria o primeiro trauma da sua vida: a perda do irmão Jack, vítima de um acidente com uma serra-elétrica enquanto cortava madeira. Para o resto da vida, Johnny se perguntará várias vezes, em situações de dúvida: ``O que Jack teria feito no meu lugar?´´ E o irmão, como se fosse um anjo da guarda, daria a resposta.

Kleist não abandonou de todo a sua ideia original de ilustrar clássicos do rock, e introduziu no livro a sua versão para ``The Ballad of Ira Hayes´´, ``Big River´´ e ``A boy named Sue´´. O resultado do trabalho se traduz no sucesso que o livro vem alcançando desde que foi lançado. A biografia de Cash conquistou algum dos principais prêmios na Alemanha, como o prêmio de Melhor Livro de Quadrinhos Alemão nas Feiras do Livro de Munique (2006) e de Frankfurt (2007), o Max und Moritz de Melhor Graphic Novel alemã no ano de 2008 e, em 2009, o “Les prix des ados” no Festival Literário de Deauville, na França, por sua versão em francês.  

Para produzir o livro, Kleist teve de realizar muitas pesquisas e ainda obter a permissão de uso das letras das músicas que foram ilustradas por ele na biografia. 

O trabalho impressiona. O livro, que chega ao Brasil ao mesmo tempo em que a versão norte-americana chega aos Estados Unidos, é intenso como a própria vida de Cash. Conhecido por seu temperamento explosivo e seus problemas com drogas e álcool.  

O estilo de Kleist lembra em muito o grande artista americano Paul Pope, mais conhecido no Brasil por seus trabalhos feitos para Batman (Batman ano 100 ou Batman Berlin). A opção pelo preto e branco acentua a dramaticidade da história. O traço é um tanto grosseiro. Às vezes quase caricatural. Mas eficiente. Kleist é econômico nos detalhes, como: cenários, roupas e outros elementos de cena, preferindo investir mais energia na narrativa. Aqui uma nota de destaque para as várias informações históricas oferecidas por Kleist ao longo do livro. Em diversas passagens, o autor nos oferece dados sobre as músicas de Cash ou sobre passagens fundamentais da vida do cantor. A biografia de Cash concorreu ao Eisner Award 2010 (uma espécie de ``Oscar´´ dos quadrinhos) de Melhor Escritor/Artista de Quadrinhos de Não Ficção.  


As pessoas mais ligadas em cinema lembrarão certamente do filme ``Johnny e June´´ estrelado por Joaquim Phoenix e Reese Witherspoon.


Para quem ficou curioso em conhecer o cantor Johnny Cash ``em pessoa´´, vale a pena conferir uma gravação original do seu mais famoso sucesso: Folsom Prison Blues.