terça-feira, 23 de agosto de 2011

Finalmente, Guerra de Trincheiras chega ao Brasil


 Excelente notícia que chega pelo blog Mais Quadrinhos:

A fantástica HQ do artista francês Jacques Tardi - A Guerra das Trincheiras - chega ao Brasil pela editora NEMO.

O Blog Nona Arte já havia feito uma resenha do livro a partir de um exemplar em espanhol ao qual tivemos acesso há oito anos. O livro relata os horrores da Primeira Guerra Mundial, considerada a "mãe" de todas as guerras. Tardi - cujo avô lutou na guerra - tornou-se um especialista no tema, e no ano passado lançou um novo livro sobre o conflito.

Demorou... Agora é conferir: imperdível...

Leia aqui o post sobre o livro já publicado no Nona Arte

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A história do Clube da Esquina em quadrinhos


Primeiro foram os dois antológicos álbuns duplos que, na década de 1970, fizeram a cabeça de toda uma geração, batizando o movimento musical mineiro liderado por Milton Nascimento e os irmãos Borges. Depois foi a vez do livro de memórias de Márcio Borges, Os sonhos não envelhecem, seguido da criação do Museu Clube da Esquina, ainda restrito ao espaço virtual mas com sede física já prometida. Agora são os quadrinhos: Histórias do Clube da Esquina, de Laudo Ferreira e Omar Viñole, cujo livro-gibi será oficialmente lançado em São Paulo (dia 29), seguido de Belo Horizonte (7 de setembro).

Em 2009, o movimento já havia sido alvo de uma oficina de quadrinhos, ministrada por Lucas Rodrigues no Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana (Fórum das Artes). A experiência inédita resultaria em um gibi de 12 páginas, com ilustrações de Mateus Marx e arte-final de Dinho Bento, distribuído gratuitamente no evento. A próxima iniciativa envolvendo o Clube da Esquina, que projetou Minas Gerais internacionalmente, provavelmente será um filme de longa-metragem, inspirado no livro do letrista Márcio Borges, cujo roteiro ainda tem autoria, direção e produção disputadas.

“Eu não sou o dono dessa história. O meu livro é apenas uma das vozes dela, que pertence a todos os personagens envolvidos”, desconversa Márcio, que desde a publicação de Os sonhos não envelhecem – Histórias do Clube da Esquina, se tornou porta-voz da turma, liderada, na verdade, por Milton Nascimento, desde que chegou a Belo Horizonte, na década de 1960, vindo de Três Pontas (Sul de Minas). Inspiradas em parte, na obra memorialística que conta a história da turma, acrescida de informações contidas em entrevistas dos artistas para o Museu Clube da Esquina e outras, a HQ do clube veio à tona, inicialmente, no site www.museuclubedaesquina.org.br.

Agora, finalmente, ela chega ao livro-gibi, que poderá ser adquirido em livrarias. Dos célebres encontros musicais na esquina das ruas Paraisópolis com Divinópolis, em Santa Tereza, à visita de Milton Nascimento à tribo ashaninka, na Amazônia, passando pelos bailes de Três Pontas, as viagens da turma no jipe Manoel, o audaz (um Land Rover 1951), de Fernando Brant, os encontros na casa dos Borges (dona Maricota e seu Salomão, que receberam Milton como o 12º filho) e a censura às canções do disco Milagre dos peixes, tudo foi historicamente contextualizado pelo desenhista paulista Laudo Ferreira em Histórias do Clube da Esquina, cuja arte-final e colorido são do também paulista Omar Viñole. A tiragem inicial da HQ é de 3 mil exemplares, mil deles repassadas ao Museu Clube da Esquina como forma do pagamento de direitos autorais.

Pesquisa
“O clube é uma paixão antiga”, diz Laudo Ferreira, que com projeto de levar para a HQ passagens históricas da MPB, como as do Clube da Esquina e Secos & Molhados, além da do disco-show Falso brilhante, de Elis Regina, acabou tendo acesso à turma de Minas pelo vizinho Juvenal Pereira, autor das antológicas fotografias da turma em companhia do então presidente JK, nas ruas de Diamantina, em plena década de 1970. O livro de Márcio Borges, segundo o desenhista, foi a base para a criação da HQ. “Mas também li os depoimentos de todos os integrantes do clube para o museu virtual, além de livros como Palavras musicais, de Paulo Vilara, de onde tirei, por exemplo, a fala de Fernando Brant sobre Milagre dos peixes”, recorda o desenhista.

Na opinião de Laudo, o movimento musical mineiro tem conteúdo para render novas publicações do gênero. “Há membros importantes, como Tavinho Moura, por exemplo, que acabou restrito às últimas páginas desta primeira publicação. Tavinho traz algo bem mineiro, rural. Ele é violeiro”, ressalta, admitindo que um segundo volume poderá ter o compositor como um dos protagonistas da HQ. Para Laudo Ferreira, apesar de personagens altamente desenháveis, como Milton Nascimento, ele preferiu trabalhar dentro de uma perspectiva que não se preocupava em fazer uma caricatura de cada um, que o leitor olhasse e imediatamente reconhecesse o personagem.

“A minha preocupação era com algo que remetesse a eles, para não atrapalhar a narrativa, embora tenha me baseado em fatos”, reconhece o desenhista. Duas passagens têm destaque especial para ele. “A última história do livro, sobre o índio Benke, homenageado por Bituca no disco Txai, que não está contada em lugar nenhum, me foi enviada pelo Márcio, por e-mail. Assim como a que narra a passagem da turma do Clube da Esquina pela Sentinela, nos arredores de Diamantina, onde um coro de sapos transformou o encontro com Bituca, à base de voz e violão, em uma verdadeira sinfonia”.

Autor da série de três livros Yeshuah, sobre a vida de Jesus Cristo, recentemente Laudo lançou uma adaptação de o Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, para HQ. No trabalho sobre o clube ele cita 17 canções, além de personagens marcantes, como Olympia Angélica de Almeida Cotta (a célebre dona Olympia, de Ouro Preto, conhecida como a primeira hippie do Brasil), Clementina de Jesus (que gravou a parte não censurada de Escravos de Jó, no disco Milagre dos peixes) e o percussionista Naná Vasconcellos, responsável pelo clima mágico do mesmo disco.

(Notícia publicada originalmente no Site UAI)

Psiquiatra forense usa experiência para analisar vilões de quadrinhos


O universo dos quadrinhos é recheado das figuras mais estranhas e bizarras, com vilões metamorfos, alienígenas, simbióticos, mecanos ou puramente insanos, como é o caso do Curinga, talvez a melhor referência quando se fala em nêmesis para heróis.

O Dr. K. Vasilis Pozios é um renomado psiquiatra forense e voraz consumidor de histórias em quadrinhos de super-heróis. Agora, ele passou a aplicar sua experiência à análise de vilões de quadrinhos, com especial enfoque no grande ícone Curinga.

O personagem é, de fato, uma das figuras mais intrigantes dos quadrinhos de heróis. A despeito da forma caricatural como foi apresentado ao grande público com a interpretação de Cesar Romero, na clássica série de TV (que, vale lembrar, sabia destruir igualmente os heróis) e do desprezo com que Jack Nicholson deu vida ao patético Batman de Tim Burton nos cinemas, em 1989, o Curinga sempre foi marcado por uma cruel insanidade amoral.

Na saga em quadrinhos, há momentos memoráveis, como em Piada Mortal, que explica a origem da loucura do artista perdedor e como ele passa a enxergar o mundo como uma grande piada (e não necessariamente engraçada), ou quando ele elimina sadicamente o terceiro Robin, Jason Todd (a pedidos do público, alias, que votou pela morte do herói).

Foi em O Cavaleiro das Trevas que Frank Miller finalmente deu a devida atenção à loucura do criminoso e sua relação de interdependência com o Homem-Morcego, herói que também já teve a sanidade questionada em várias oportunidades. Em Asilo Arkham, por exemplo, o justiceiro admite ter medo de entrar no sanatório e “sentir-se em casa”.

Foi juntando estes perfis de personagens que o Dr. Pozios lançou a opinião de que Batman é, no mínimo, insensível com a patologia do famigerado Curinga. Ele ainda afirma que, na maioria das vezes, a terminologia utilizada para descrever o comportamento errático do bandido está totalmente equivocada. Para ele, uma pessoa psicótica sofrerá os sintomas de psicose, como distúrbio mental, alucinações auditivas, visuais ou ter pensamentos delirantes. “Na grande maioria das descrições, o Coringa não está com esses sintomas, mas sim, com os de psicopatia”, afirma o médico, de acordo com nota do site The Huffington Post.

Não é a primeira vez que o fã de quadrinhos volta seu cabedal cultural para a psique dos personagens. Na Comic-Con de 2010, realizada em San Diego, Pozios apresentou, ao lado dos especialistas Dr. H. Eric Bender e Dr. Praveen R. Kambam, uma palestra delineando os distúrbios sofridos por heróis como Spiderman e Batman, os quais, segundo o trio, apresentam também problemas mentais super desenvolvidos.


O Nona Arte já havia publicado aqui um post sobre um trabalho desenvolvido por um psiquiatra espanhol, também fã de quadrinhos, que havia feito um diagnóstico para o Homem Morcego: transtorno de estresse pós-traumático

Matéria publicada originalmente no site Huff Post

sábado, 6 de agosto de 2011

O inferno Noir


 
“Deixai todas as esperanças, ó vós que aqui entrais”

A célebre frase fixada nos portais do Inferno marca uma das mais importantes obras da literatura universal: A Divina Comédia, de Dante Alighieri. O livro, escrito no início do século XIV (provavelmente entre 1304 e 1321), narra a aventura do próprio Dante pelo espaço além da vida: inferno, purgatório e paraíso. Em cada diferente momento da sua jornada, o autor – guiado sempre de perto pelo poeta Virgílio – encontra personagens famosos e anônimos submetidos a todo tipo de dor e flagelo: papas, tiranos, assassinos...

O primeiro círculo infernal é o Limbo, onde permanecem todas as almas que não escolheram seguir a Cristo, mas que foram virtuosas. É lá que Dante encontra Homero, Ovídio e Horácio três dos maiores escritores da história. No segundo círculo estão os luxuriosos que, por castigo, são submetidos a uma eterna tempestade de vento. O terceiro círculo é reservado aos gulosos que são flagelados por uma chuva putrefata e vigiados pelo mitológico cão de três cabeças, Cérbero. No quarto círculo estão os avarentos empurrando pesos enormes. No quinto ficam aqueles que foram tomados pelo ódio, imersos para sempre na lama ardente do Pântano do Estige.

Ao longo de nove diferentes ciclos, Dante vai identificando todos os diferentes pecados humanos e atribuindo para cada um deles um flagelo diferente. Estão no inferno os rabugentos e taciturnos; aqueles que não acreditam na vida após a morte; os bajuladores; os hipócritas; os blasfemadores; os suicidas; os astrólogos e videntes... e uma infinidade de outros pecadores.

A riqueza de detalhes com que Dante descreve sua viagem é impressionante. Nos vários níveis do Inferno, as almas pecadoras são submetidas a castigos inimagináveis: alguns são esfaqueados por toda a eternidade; outros atacados pela sarna ou envoltos em chamas; há aqueles que são obrigados a vestir pesadas roupas feitas de chumbo e ainda os que se vêem mergulhados em excrementos humanos...

É natural que uma das mais importantes obras da literatura universal e que explorou o maior mistério da humanidade– a vida após a morte – provocasse o interesse e a curiosidade de uma legião de estudiosos, leitores e expoentes de outras artes.
No universo da pintura, há expoentes como Gustave Doré, Eugene Delacroix, Bouguereau e uma infinidade de artistas que, desde a idade média, vem tentando traduzir em imagens o fantástico mundo de Dante

Dante em quadrinhos – Mais recentemente a Divina Comédia ganhou duas novas versões. E, desta vez, em quadrinhos. O NONA ARTE comenta aqui o trabalho do ilustrador americano Seymour Chwast que acaba de chegar ao Brasil pela Companhia das letras.

Seymour é fiel ao texto de Dante, mas extremamente ousado e inovador na concepção artística do livro. Assim como Dante colocou no inferno vários contemporâneos seus, Seymour procurou introduzir modernidade em sua releitura em quadrinhos: roupas modernas, mafiosos, lanchas motorizadas... e um Dante vestido como um detetive dos filmes noir em busca da verdade sobrenatural.

A maior revolução do artista, entretanto, está no seu traço. Seymour é reconhecido mundialmente com um dos maiores artistas comerciais em atividade. Seus trabalhos estão em capas de livros, rótulos de inúmeros produtos e museus. Ele consegue sintetizar páginas inteiras em um único desenho. Neste sentido, o trabalho de Seymour está longe de “esgotar” o conteúdo da Divina Comédia, mas é uma interpretação ágil e sintética para quem quer ter um primeiro contato com a obra do mestre italiano.



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Cadernos do Sol

O artista espanhol Enrique Flores produziu um amplo registro em quadrinhos sobre o movimentos de estudantes em diferentes cidades da Espanha que protestavam, no inicio de 2011, contra a crise econômica que atingiu diversos países da Europa; em especial: Grécia, Portugal e Espanha.  

O resultado deste trabalho pode ser conferido no link abaixo... Um excelente documento que mostra como os quadrinhos podem ser um meio rápido e eficiente de registro do cotidiano da sociedade. Enrique Flores conviveu durante 28 dias com os estudantes na praça e narra o dia-dia dos manifestantes em busca de comida e higiene, a organização das atividades dentro do acampamento, as noites dormindo a céu aberto sob o olhar vigilante da Política... O nome do projeto "Cadernos do Sol" é uma referência a uma das principais praças de Madri (a Praça do Sol), onde os estudantes acamparam por semanas seguidas.