segunda-feira, 6 de junho de 2011

Gen Pés Descalços, uma das melhores histórias em quadrinhos da história

Uma excelente notícia...

A editora Conrad vai relançar uma das melhores histórias em quadrinhos já lançadas mundialmente: Gen Pés Descalços. A história autobiográfica mostra o cotidiano na vida de uma família japonesa após o ataque nuclear a Hiroshima. Keiji Nakazawa, autor do quadrinho (Mangá, para ser mais exato), tinha 7 anos quando a bomba atômica atingiu Hiroshima, cidade onde morava com a família. A história virou um verdadeiro clássico e sumiu do mercado editorial, virando item de colecionador.

Gen Pés Descalços foi primeiramente lançado em série, nos anos 1972 e 1973, na Shonen Jump, uma das principais revistas semanais de histórias em quadrinhos do Japão. A história teve um grande sucesso não somente entre os leitores jovens, mas também com pais, professores e críticos. Gen foi transformado em longa-metragem de animação, três filmes e até uma ópera. As edições em livro venderam mais de 5 milhões de exemplares só no Japão.

Gen foi traduzido para o francês, inglês, alemão, esperanto, indonésio, norueguês, suecos e diversos outros idiomas, e lançado em mais de dez países. Foi a primeira história em quadrinhos japonesa a ser publicada nos Estados Unidos, onde foi incluída em uma lista de livros recomendados para escolas públicas.


Confira um post já publicado aqui no Nona Arte sobre a série.

sábado, 4 de junho de 2011

Divina Comédia em quadrinhos


Do jornal A Tarde 

Neste sábado, dia 04, chega às livrarias uma versão de A Divina Comédia, obra renascentista de autoria de Dante Alighieri, em versão quadrinhos. O lançamento é da editora Peirópolis. O trabalho, que faz parte da coleção Clássicos em HQ, percorre o paraíso, o inferno e o purgatório de Dante a partir das aquarelas do quadrinista Piero Bagnariol inspiradas em imagens célebres de pintores que também se dedicaram a representar a obra clássica. O roteiro é de Giuseppe Bagnariol e o projeto ainda contou com consultoria de Maria Teresa Arrigoni, especialista em Dante Alighieri.

Considerada a grande obra-prima do poeta florentino, A Divina Comédia foi, ao longo de muitos anos, lido e divulgado com o título originalmente dado por Dante: Comédia. Só a partir de uma edição publicada em Veneza, em 1555, é que o adjetivo “divina” passou a fazer parte do título, acréscimo de outro autor célebre da época, Giovanni Bocaccio.

Para o quadrinista italiano radicado no Brasil, Piero Bagnariol, A Divina Comédia é quase a pedra fundamental do idioma italiano. Coube a ele uma cuidadosa pesquisa iconográfica em parceria com seu pai, que realizou um estudo da vida de Dante Alighieri para embasar os roteiros de passagem entre um e outro trecho do poema. Os trechos escolhidos foram publicados na forma original das traduções, que por sua vez, foram escolhidas por Maria Teresa Arrigoni. Ela indicou para o Inferno a tradução de Jorge Wanderley; e para o Paraíso, a tradução de Haroldo de Campos. O Purgatório ficou por conta da tradução de Henriqueta Lisboa, escolha da Peirópolis, editora que cuida da obra da poeta e tradutora modernista.

O posfácio também é assindo por Giuseppe Bagnariol, que detalha o processo de pesquisa do projeto.
Os autores: Piero Bagnariol nasceu na Itália e veio para o Brasil com vinte anos, em 1992. Quadrinista e grafiteiro é um dos fundadores da revista Graffiti 76% quadrinhos, que edita desde 1995, e autor do álbum Um dia uma morte, com roteiro de Fabiano Barroso. Já Giuseppe Bagnariol é médico e grande conhecedor d’A Divina Comédia.

Confira o blog da editora dedicado especialmente à divulgação do livro

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Fidel: A História “em quadrinhos” me absolverá



Goste dele ou não; ninguém pode desconhecer a importância histórica de Fidel Castro. Poucos líderes políticos do século XX tiveram uma trajetória tão longa e deixaram uma marca tão forte quanto o comandante cubano. Hoje, praticamente excluído do jogo político, Fidel tornou-se literalmente uma lenda viva. Um caso onde o personagem se torna maior que o próprio homem.

Dezenas de livros e documentários já foram feitos sobre a saga de Fidel; desde sua infância, até a tomada do poder; passando pelos tempos de militância nos movimentos estudantis, pela viagem a Sierra Maestra e a organização da Guerrilha. Agora, chega ao mercado editorial brasileiro uma história em quadrinhos que explora a trajetória do líder cubano: “Castro”, do artista alemão Reinhard Kleist.

O romance gráfico chega ao Brasil por meio da editora 8Inverso – a mesma que já havia lançado dois outros trabalhos do autor (Cash, uma Biografia e Elvis) – e vem sendo recebido com críticas extremamente positivas. O livro teve uma excelente repercussão em festivais internacionais e tem sido considerado uma obra madura, que consegue mostrar Fidel Castro de forma isenta, sem cair na tentação maniqueísta ou mistificadora.

Kleist revela que a idéia do livro nasceu depois de uma viagem a Cuba. Foi ali que o autor percebeu que o líder revolucionário, apesar da decadência política e física, ainda tem carisma suficiente para se converter em personagem de um romance gráfico. Para contar sua história, Kleist lança mão de um recurso já bastante conhecido em quadrinhos de caráter histórico/documental: ele cria um personagem fictício que serve como fio condutor costurando fatos históricos do passado, impressões pessoais do artista e o cotidiano atual da ilha. No caso, o personagem é um fotógrafo alemão que viaja a Cuba para cobrir os primeiros movimentos da revolução e acaba se tornando um colaborar próximo de Castro e um ferrenho defensor do regime que com o passar dos anos passa a se questionar sobre a perda da liberdade, o desabastecimento, as prisões políticas... Kleist não foge do desafio de abordar pontos positivos e negativos da biografia de Fidel: “se você não pode simpatizar com ele, ao menos por meio do livro, me disseram alguns leitores, se pode conhecê-lo um pouco e entendê-lo” – diz o autor.

Para construir o roteiro, o Kleist contou com a ajuda do jornalista alemão e biógrafo de Castro – Volker Skierka e utilizou-se de um diversificado acervo de fontes de informação. O resultado de toda essa pesquisa pode ser visto na revelação de detalhes sobre a história da Revolução que o leitor comum não costuma encontrar nas reportagens de jornais, revistas e TVs.
Kleist – que no momento está envolvido com um novo romance gráfico que vai contar a história de um lutador de Box alemão que viveu o inferno dos campos de concentração – é dono de um traço moderno e arrojado. A história – em preto e branco – consegue transmitir a dramaticidade que o enredo exige. Além de um admirável domínio da narrativa gráfica, o autor realizou uma ampla pesquisa visual em livros de histórias, filmes, fotos antigas e novas... “Havana tem uma estética muito forte, seus edifícios, seus carros e sobretudo sua luz...”. Com tudo isso, Castro já pode ser considerado um dos melhores lançamentos deste ano no mercado editorial brasileiro de romances gráficos.

Fidel e outro lado da moeda
O Nona Arte fez uma pesquisa  e encontrou outros projetos que abordam a trajetória de Fidel em quadrinhos e encontrou algumas pérolas:

A primeira é “80 anos com Fidel”. Com um indisfarçável propósito de fazer uma crítica à política castrista, o autor não poupa a trajetória do líder cubano. Raúl Rivero, poeta e jornalista, foi condenado a 20 anos de prisão por publicar em veículos de imprensa fora de Cuba reportagens críticas ao regime. Com as porta fechadas na imprensa da ilha, Raúl fundou em 1995 a agência Cuba Press para exercitar um jornalismo “independente”.



    Outra história é desenhada por Joe Sinnott. "O Homem de barba" é uma genuína apologia pró-castro onde se podem ler frases como: “este é o homem a quem Cuba saúda como herói e libertador”. O roteirista desta história é ninguém menos que Stan Lee, o criador de personagens como Homem Aranha. A história foi um quadrinho com quatro páginas publicado pela Atlas Comic (empresa anterior à MARVEL). O Comic destacava a "invulnerabilidade" do Fidel Castro e foi lançado em uma época em que o mundo conhecia muito pouco sobre o líder cubano.