A história da enorme baleia branca que destroi um navio e elimina sua tripulação foi eternizada no livro Moby Dick, lançado em 1851 pelo escritor americano Herman Melville. Moby Dick é considerado pela crítica como um dos livros fundamentais da literatura universal, ao lado de Ulisses, de James Joyce; Don Quixote, de Cervantes ou Em Busca do Tempo Perdido; de Marcel Proust.
As diferentes adaptações da obra em desenhos animados, como a série da Hanna Barbera exibida nos anos 70, acabaram banalizando a história e diminuindo a importância dramática do romance. Moby Dick representa o eterno conflito entre o Homem e seu destino ou entre e o Homem e a grandeza da natureza representada pela cachalote.
O mais impressionante é que a história criada por Melville foi baseada em fatos reais. Em 1820 o navio baleeiro Essex foi atacado por uma baleia enfurecida. O navio afundou rapidamente e os náufragos tiveram que navegar durante três meses e milhares de milhas do oceano Pacífico para encontrar o resgate. Apenas oito dos 21 marinheiros sobreviveram.
As pesquisas do Blog Nona Arte encontraram quatro versões em quadrinhos do clássico americano: uma leitura feita pelo mestre Will Eisner, a adaptação feita pelo argentino Enrique Breccia, a sombria versão de Bill Sienkiewicz lançada no Brasil na década de 1980 e a recém editada interpretação de Lance Stahlberg e Lalit Kumar Singh.
Clássicos Ilustrados
Bill Sienkiewcz é um artista americano de Pennsylvania nascido em 1958. Depois de cursar a Newark School o Fine and Industrial Art ele vem se dedicando aos quadrinhos. Entre os trabalhos já realizados por Bill estão o Quarteto Fantástico, Elektra, Batman, Hulk e histórias de Alan Moore... Em 1990 Bill Sienkiewcz lançou pela série Classics Illustrated sua visão sobre a história de Melville. Entres as três versões, a história de Bill é, sem dúvida, a melhor. O traço de Sienkiewicz é magistral. Fiel ao espírito do livro, onde a morte está presente desde o primeiro momento. A edição do texto original de Melville também é muito eficiente. O trabalho foi lançado no Brasil pela editora abril e fez história.
Moby de Eisner
Eisner lançou sua versão para Moby Dick dentro de uma série em que ele se propunha a adaptar clássicos da literatura para crianças. Na mesma série ele adaptou Don Quixote e A Princesa e o Sapo. A versão de Will Eisner é menos ambiciosa que o trabalho de Bill Sienkiewicz. O texto é simples, minimalista, quase infantil...O traço vai na mesma linha, nada parecido com outros trabalhos fantásticos de Eisner, como Um Contrato com Deus ou Avenida Dropsie. Eisner se detém nos planos fechados e econômicos. Foi uma forma de economizar nos detalhes do navio ou das roupas e personagens.
Enrique Breccia, o mestre argentino
Nascido em Buenos Aires em 1945, Breccia é um dos mais destacados artistas argentinos ao lado de Hector Oesterheld. Os dois chegaram a trabalhar juntos em uma adaptação sobre a vida de Ernesto Che Guevara. O trabalho de Breccia é feito em P&B. O traço é clássico e bem mais detalhista que a obra de Eisner. A versão do mestre argentino é de 1999. Anos antes, em 1980, o artista já havia feito ilustrações para uma edição argentina de Moby Dick.
Versão modernaA adaptação mais recente da obra de Melville acaba de chegar ao Brasil como parte de um projeto da editora Farol Literário. Uma interpretação mais moderna, que busca equilibrar imagem e textos. Se a arte deste livro não alcança o primor estético da versão de Bill Sienkiewcz, os desenhos são eficientes e conseguem segurar assegurar o nível do trabalho. A Farol Hq tem como meta publicar no Brasil clássicos da literatura universal, como: 20 mil léguas submarinas, A ilha do tesouro, Robinson Crusoé, Viagem ao centro da terra, entre outros. Vale a pena conferir.


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