sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Homem desafia a Deus


A Editora Arx acaba de lançar no Brasil uma fantástica adaptação do romance “Frankenstein”, um dos maiores clássicos da literatura mundial (seguramente uma das histórias mais marcantes da literatura de terror, ao lado de Drácula de Bram Stocker), escrito em 1816 pela britânica Mary Shelley. O livro integra uma coleção lançada originalmente pela editora espanhola Parramón e que inclui outros clássicos, como: “Relatos de Poe”, baseado em contos fantásticos de Edgar Alan Poe e “Cuna de cuervos”, adaptado a partir de um conto da escritora espanhola Maria Zaragoza.

A história de Frankenstein já é amplamente conhecida e já foi adaptada para cinema, teatro e até desenhos animados. O cientista Victor Frankenstein, atormentado pela morte da mãe, decide dedicar todo sua engenhosidade a vencer o maior de todos os inimigos da humanidade: a morte. Depois de anos de estudos e dedicação insana, o médico alcança seu objetivo e consegue trazer um cadáver de volta à vida. Mas os resultados se mostram trágicos.

Essa versão de Frankenstein, realizada pelo desenhista espanhol, Meritxell Ribas e pelo escritor, também espanhol, Sergio Sierra, mostra uma perfeita harmonia entre roteiro e concepção gráfica. Ribas usa uma técnica que se assemelha à litografia, imprimindo um efeito ainda mais sombrio à história. O roteirista Sergio Sierra, por sua vez, conduziu a edição do texto original com maestria, preservando a perspectiva do original de Mary Shelley, onde a trama é narrada na primeira pessoa – pelo próprio cientista Victor Frankenstein.


No site que os dois autores mantém na internet para divulgação do livro eles postaram um comentário sobre a recém lançada edição brasileira:

"Esta semana Meri e eu tivemos a grata surpresa de conhecer finalmente a edição do nosso "Frankenstein, o moderno Prometeo" para o Brasil. Estamos muito contentes, sem nenhuma dúvida. Sobre o resultado da edição seguimos com a mesma sensação amarga das versões anteriores. Por um lado, o resultado das páginas melhorou consideravelmente e desta vez se fez justiça ao trabalho de Meri, permitindo que muitos dos detalhes que na edição francesa e espanhola se perderam, aqui possa ser apreciado.


Por outro lado, apesar de se ter optado por uma versão em cartoné, o desenho da página é o mesmo da edição espanhola, com a resssalva que a imagem não estão bem centrada e foi mal editada. Tampouco entendo porque o título completo da obra foi simplificado e em lugar de "Frankenstein o Moderno Prometeo", que aparece na capa interna das edições espanhola e francesa, a brasileira põe apenas "Frankenstein" . Esperamos que as críticas brasileiras não tardem a aparecer e sejam tão positivas como as críticas que recebemos na França e Espanha.


Bom, no que depender deste blog, os autores podem dormir sossegados. Sua versão para o romance de Mary Shelley é muito superior à outra adaptação recém lançada no Brasil, pela editora Salamandra, do artista francês Marion Mousse. Também não é exagero afirmar que o trabalho de Sierra e Ribas figura entre as melhores adaptações literarárias que já tive a chance de conhecer, como: Em Busca do Tempo Perdido, adaptação do clássico de Marcel Proust pelo artista Stéphane Heut, a saga do Capitão Alatriste (clássico da moderna literatura espanhola), adaptado por Joan Mundet ou ainda a versão de Peter Kuper para A Metamorfose, de Kafka.

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