sexta-feira, 23 de abril de 2010

A teoria do Caos


Uma borboleta que bate asas na China pode provocar um tornado em Nova York... Esta frase, que vem sendo citada por ambientalistas nas últimas décadas, é uma interpretação popular para uma teoria que vem se fortalecendo e ganhando espaço – desde as universidades aos livros de auto-ajuda: a Teoria do Caos ou Teoria da Complexidade.

Esta teoria foi citada pela primeira vez em 1963 pelo meteorologista Edward Lorenz, do Instituto de Tecnolgia de Massachusetts. Lorenz desenvolvia um modelo que simulava em computador a evolução de mudanças climáticas. A partir de valores iniciais de vento e temperatura, o computador fazia uma simulação da previsão do tempo. Ele imaginava que pequenas modificações nas condições iniciais acarretariam alterações também pequenas na evolução do quadro como um todo.

Mas, para a supresa de Lorenz, o estudo mostrou que mudanças infinitesimais nas entradas poderiam ocasionar alterações drásticas nas condições futuras do tempo. Uma leve brisa em Nevada, a queda de 1 grau na temperatura no oceano... podem ter uma repercussão ampliada em outro lugar do planeta. O nome Efeito Borboleta (que está diretamente associado à Teoria) é resultado da representação gráfica do modelo matemático criado pelo computador e que se assemelha às asas do inseto. A teoria revolucionou a compreensão de causa X efeito – como a Ciência sempre encarou a natureza – e abriu espaço para novas formas de compreensão do universo.

A partir da premissa de que o mundo funciona como uma complexa rede onde fios – quase invisíveis – estão conectados, o desenhista francês Pierre Schelle criou uma novela gráfica inovadora: A Teoria do Caos, lançada na França em 2001, após cinco anos de trabalho.  O romance gráfico – ainda inédito no Brasil – é inovador ao propor uma narrativa rara para os quadrinhos: a completa ausência de diálogos ou textos. Algo semelhante ao que o artista Peter Kuper havia feito na década de 80, com a história “O sistema”.

O esforço e esmero técnico de Pierre Schelle são recompensados. O traço do artista é refinado, detalhista e atento à complexidade de cada quadro. O resultado se assemelha a um novelo que vai lentamente sendo desenrolado. Todos os personagens e acontecimentos estão ligados entre si... O autor faz uma proposta ao leitor e elabora o roteiro da história de modo a brincar com os conceitos. O primeiro capítulo do livro, intitulado "Efeito Borboleta" propõe uma leitura dos impactos do bater de asas de uma borboleta na China sobre um tufão em nova York. A segunda história "O fator Humano" mostra que a evolução não é fruto da sorte, mas do caos: "a natureza aborrece o vazio. E, se consideramos que o homem está no topo da evolução, então o homem é o maior propagador de caos do Universo". Por último, Pierre Schelle joga com a Lei de Murphy e nos propõe uma reflexão bem humorada sobre o caos que adviria de uma "revoada" de borboletas: "Por causa de uma borboleta, nasceu o 130º Prêmio Nobel da Paz; por conta de uma segunda borboleta, foi eleito no Vaticano o primeiro Papa negro da história e uma terceira borboleta ocasionou a primeira eleição democrática na Birmânia...


Confira um documentário da TV Britânica BBC sobre a Teoria do Caos:


Um comentário:

  1. Carlos, o seu blog está realmente um barato. Adorei o texto que fez sobre a publicação que adaptou a teoria da relatividade para os quadrinhos...

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