sábado, 4 de dezembro de 2010

Uma guerra muito pessoal


Narrativas sobre conflitos armados são uma tradição literária desde que o grego Homero escreveu a história sobre o cerco de Troia. Desde então, a literatura mundial está repleta de grandes livros, como: Guerra e Paz (Tolstoi), Por quem os sinos dobram (Hemingway), Nada de novo no Front (Erich Remarque), Os Sertões (Euclides da Cunha) entre outros. A literatura em quadrinhos, na trilha desses sucessos editoriais também já elegeu os seus clássicos, entre eles: Maus (Spielgman), Guerra de Trincheiras (Tardi), Gorazde (Joe Sacco), Valsa para Bashir (Ari Folman) só para citar alguns.

Infelizmente, o mais recente lançamento da editora Zarabatana Books – A Guerra de Alan, do francês Emmanuel Guibert – não pode ser inserido nessa lista. O livro foi lançado no mercado europeu em uma sequencia de três volumes. O último só publicado em 2008, oito anos após o lançamento do primeiro número.

O livro remonta as memórias do soldado Alan Ingram Cope durante a II Guerra Mundial. Alan entrou no exército no final de 1944 e só chegou ao palco do conflito em 1945. Sem disparar um único tiro ao longo de toda sua passagem pela Europa, Alan esteve envolvido em tarefas burocráticas e efadonhas. Suas ações de guerra se limitaram a vigílias noturnas e administração de documentos.

É uma pena que o talento de Emmanuel Guibert, que já teve a série o Fotógrafo publicada no Brasil, tenha sido desperdiçado com uma história tão frágil. O verdadeiro problema de A Guerra de Alan não é a narrativa ou os desenhos de Guibert, mas o próprio Alan...Ninguém esperava corpos despedaçados, atos heroicos, lutas sangrentas entre aliados e nazistas... Outros artistas já mostraram que é possível fazer grandes histórias a partir dos pequenos acontecimentos do dia a dia. Só que o leitor, sinceramente, merecia mais desta história. Alan faz um relato extenso, mas superficial da guerra... Enfim... Passe longe.

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