terça-feira, 16 de agosto de 2011

Psiquiatra forense usa experiência para analisar vilões de quadrinhos


O universo dos quadrinhos é recheado das figuras mais estranhas e bizarras, com vilões metamorfos, alienígenas, simbióticos, mecanos ou puramente insanos, como é o caso do Curinga, talvez a melhor referência quando se fala em nêmesis para heróis.

O Dr. K. Vasilis Pozios é um renomado psiquiatra forense e voraz consumidor de histórias em quadrinhos de super-heróis. Agora, ele passou a aplicar sua experiência à análise de vilões de quadrinhos, com especial enfoque no grande ícone Curinga.

O personagem é, de fato, uma das figuras mais intrigantes dos quadrinhos de heróis. A despeito da forma caricatural como foi apresentado ao grande público com a interpretação de Cesar Romero, na clássica série de TV (que, vale lembrar, sabia destruir igualmente os heróis) e do desprezo com que Jack Nicholson deu vida ao patético Batman de Tim Burton nos cinemas, em 1989, o Curinga sempre foi marcado por uma cruel insanidade amoral.

Na saga em quadrinhos, há momentos memoráveis, como em Piada Mortal, que explica a origem da loucura do artista perdedor e como ele passa a enxergar o mundo como uma grande piada (e não necessariamente engraçada), ou quando ele elimina sadicamente o terceiro Robin, Jason Todd (a pedidos do público, alias, que votou pela morte do herói).

Foi em O Cavaleiro das Trevas que Frank Miller finalmente deu a devida atenção à loucura do criminoso e sua relação de interdependência com o Homem-Morcego, herói que também já teve a sanidade questionada em várias oportunidades. Em Asilo Arkham, por exemplo, o justiceiro admite ter medo de entrar no sanatório e “sentir-se em casa”.

Foi juntando estes perfis de personagens que o Dr. Pozios lançou a opinião de que Batman é, no mínimo, insensível com a patologia do famigerado Curinga. Ele ainda afirma que, na maioria das vezes, a terminologia utilizada para descrever o comportamento errático do bandido está totalmente equivocada. Para ele, uma pessoa psicótica sofrerá os sintomas de psicose, como distúrbio mental, alucinações auditivas, visuais ou ter pensamentos delirantes. “Na grande maioria das descrições, o Coringa não está com esses sintomas, mas sim, com os de psicopatia”, afirma o médico, de acordo com nota do site The Huffington Post.

Não é a primeira vez que o fã de quadrinhos volta seu cabedal cultural para a psique dos personagens. Na Comic-Con de 2010, realizada em San Diego, Pozios apresentou, ao lado dos especialistas Dr. H. Eric Bender e Dr. Praveen R. Kambam, uma palestra delineando os distúrbios sofridos por heróis como Spiderman e Batman, os quais, segundo o trio, apresentam também problemas mentais super desenvolvidos.


O Nona Arte já havia publicado aqui um post sobre um trabalho desenvolvido por um psiquiatra espanhol, também fã de quadrinhos, que havia feito um diagnóstico para o Homem Morcego: transtorno de estresse pós-traumático

Matéria publicada originalmente no site Huff Post

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