Grave bem este nome: Ludovic Debeurme.
O autor francês é uma das melhores revelações da literatura em quadrinhos nos últimos anos. Seu livro “Lucille”, lançado em 2007, foi escolhido com uma das obras essenciais do maior festival de quadrinhos no mundo (o Salão de Angoulême).
Lucille tem uma força narrativa e uma expressividade que o coloca como um dos mais importantes comic books já publicados, ao lado de outras obras de referência, como: Maus, Um Contrato com Deus ou Persépolis.
A história conta a trajetória de dois personagens imensamente complexos: Lucille e Arthur. Ela é uma adolescente anoréxica que sofre com a perda da autoestima e uma relação conflituosa com a mãe. Ele é um garoto desajustado, filho de um marinheiro alcoólatra e que vive rodeado de conflitos. Os dois formam um casal improvável, mas verdadeiro e intenso. Por mais estranho que possa parecer, é para Arthur que Lucille consegue se expor. Ao mesmo tempo, é pela magra e frágil menina que o adolescente se apaixona.
Os dois parecem náufragos agarrados à última bóia salva-vidas: o pai de Arthur, se suicida deixando para o menino a responsabilidade de cuidar da família. Lucille é internada para tratar o baixo peso. O mundo desmorona e um só tem ao outro para se apoiar.
No aspecto gráfico, é impossível ler “Lucille” e não lembrar de outro romance gráfico lançado no ano passado pela Companhia das Letras: “Umbigo sem Fundo”, do americano Dash Shaw. Ludovic usa a página com maestria. Seu traço é minimalista, mas intenso. Com poucas linhas ele consegue recriar toda a atmosfera que envolve o mundo de Lucille e Arthur. Um cenário rude, pobre, desolado...
O primeiro volume do livro (com mais de 500 páginas) ainda não foi lançado no Brasil. Esperamos que, à reboque de lançamentos recentes como o próprio "Umbigo sem Fundo" e "Retalhos" (comic books com mais de 600 páginas cada um), esta obra imperdível chegue ao Brasil.
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