sábado, 26 de dezembro de 2009

1968 – O ano que ainda não terminou


"É proibido proibir"
"A política passa-se nas ruas"
"A revolução deve ser feitas nos homens, antes de ser feita nas coisas"
"Professores, sois tão velhos quanto a vossa cultura, o vosso modernismo nada mais é que a modernização da polícia, a cultura está em migalhas"
"O sonho é realidade"
"Abaixo o Estado"
"Viva o efêmero"

Você já deve ter ouvido alguma vez na vida, pelo menos uma destas frases. E o que elas têm de comum? Elas foram criadas durante o movimento de Maio de 68, em Paris.

Toda a transformação que outros países vinham vivendo em uma década implantada em apenas 30 dias. Era “apenas” isso que os jovens franceses que correram para as barricadas nas ruas esperavam conseguir naqueles conturbados dias.

Aquele mês deixou marcas profundas na sociedade francesa e ajudou a garantir conquistas importantes em todo o ocidente: direitos das minorias, o respeito às diferenças, os direitos civis...

A França da década de 60 era ainda um país marcado pelos traumas da II Grande Guerra. Até o presidente era o mesmo: o general Charles De Gaulle – líder da resistência contra os nazistas que foi primeiro-ministro em dois mandatos entre 46 e 59 e presidente entre 59 e 69. Neste contexto, as crianças eram tratadas com rigor; mulheres, negros, homossexuais não tinham espaço nem direito a voz.

Maio de 68 em HQ

Centenas de livros já foram escritos sobre o movimento de 68. Como não poderia deixar de ser (já que a França é a Meca dos quadrinhos), o Maio de 68 também é relembrado em comic book. Vamos aqui destacar dois deles:

“N’Effacez Pas Nos Traces” – de Jacques Tardi. Lançado em 2008, o livro tem um significado claro a partir do seu título (Não Apaguem nossos Vestígios). O álbum é construído baseando-se em músicas interpretadas pela cantora - e esposa de Tardi - Dominique Grange (alguns temas são da própria época e outros inéditos). Dominique foi uma das figuras mais proeminentes em 68. Um CD seu acompanha o livro de Tardi. Cada música inspira uma pequena história, conforme o traço inconfundível de autor e quadrinista. Confira música e desenhos no clipe abaixo:



O segundo livro é "Mai 68, histoire d'un printemps" (A história de uma primavera) – de Alexandre Franc e Arnaud Bureau. "Como muitas pessoas da minha geração (nasci em 1977), sou herdeiro daquele período. Maio de 68 influenciou muitos aspectos da minha vida, principalmente em relação à liberdade social e moral que vivenciei crescendo na França. Acredito que maio de 68 testemunhou o nascimento de uma nova geração, que acordava para uma nova mentalidade que persiste até hoje", afirma o autor Arnaud Bureau. O livro está disponível para leitura no site do jornal Le Monde (imperdível). O prefácio é assinado por ninguém menos que Daniel Cohn-Benedit, um dos principais líderes do movimento estudantil em Paris. Confira uma pequena mostra no clipe:

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