sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Estigmas virou filme

Ele não era um santo. Aliás, nada mais longe de um santo do que ele: bêbado, arruaceiro, homem de poucos amigos... O caso é que, sem qualquer motivo, sem qualquer explicação plausível, apareceram nas suas mãos dois estigmas. Duas feridas que sangravam abundantemente, como se tivessem sido provocadas por pregos que atravessassem as palmas de um lado a outro. Como as feridas do Cristo crucificado...

O quadrinho "Estigmas", dos italianos Lorenzo Matotti e Cláudio Piersanti (publicado no Brasil pela Conrad Editora), conta a história de um homem que se vê às voltas com um destino improvável: de pária a santo, de bêbado a curandeiro...

Agora este roteiro fantástico chega às telas do cinema. O diretor espanhol Adán Aliaga acaba de lançar o filme "Estigmas" durante o 54ª Semana Internacional de Cinema de Valladolid. O diretor revela em seu blog que o personagem principal do quadrinho (Bruno) se tornou ainda mais rico, complexo e ao mesmo tempo mais sensível e humano no seu filme. "Bruno está muito marcado pela grande personalidade de Manolo Martinez (ator principal). Tentamos fazer uma adaptação respeitosa, com a história de Mattotti e Piersanti, mas também aportando a nossa personalidade e sensibilidade", diz o diretor.

O jornal El Día de Valladolid definiu o filme como “Una película difícil en busca de su publico”. Estigmas é o primeiro filme de ficção de Adán Aliaga. Filmada em preto e branco, sem diálogos e com um ator protagonista não profissional (Manolo Martínez é um atleta lançador de pesos) a fita foi recebida por “um público dividido entre as vaias e a admiração por um trabalho com uma estética muito cuidada e uma fotografia com planos limpos”, diz a matéria do El Dia.

“Os estigmas são uma desculpa para falar de outro tipo de marcas que se colocam sobre as pessoas que não se adaptam à sociedade”, afirma o diretor. “A religião é um tema que me interessa muito. Creio que iconograficamente é muito potente e sempre estará presente em meus filmes, ainda que cada espectador faça uma leitura diferente do que quero contar com ele”, conclui Adán Aliaga.

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