É síndrome de final de ano: promessa de fazer dieta, vestir roupa branca, colocar cédula de dólar na carteira e fazer lista dos melhores e piores... Mas, tudo bem. Estas listas apesar de nunca serem unânimes, às vezes ajudam o público a se orientar melhor no universo infindável de opções disponíveis nas livrarias (no caso das listas de melhores livros).
O problema é quando a responsabilidade por formular estas listas fica unicamente nas mãos dos próprios leitores (sem, pelo menos uma pré-elaboração dos especialistas). Foi o que fez a Comic Book Resources (uma das mais importantes referências mundiais no universo dos quadrinhos). No último domingo o site lançou uma lista das cem melhores histórias de todos os tempos, escolhidas pelo público. Perigoso, não? Mas eles aceitaram correr o risco... E se deram mal.
Imagine, por exemplo, fazer uma lista dos melhores filmes de todos os tempos e não inserir Cidadão Kane (de Orson Welles)? Ou construir uma lista dos melhores romances universais e não inserir Don Quixote (de Cervantes)? Ou eleger os maiores atores brasileiros de todos os tempos e não listar Paulo Autran e Fernanda Montenegro? Um heresia, não?
Pois - acredite - a lista da Comic Book não traz (entre outras ausências) Um Contrato com Deus e nenhuma das demais obras do mestre Will Eisner. Para quem não conhece, o livro Um Contrato com Deus é considerado a obra que deu início ao conceito de Romance Gráfico e elevou os quadrinhos para o patamar de Arte (Nona Arte).
Por ser uma lista eleita pelo público (provavelmente todo ele americano), a lista da Comic Book Resources não traz nenhum dos maiores nomes dos quadrinhos feito na Europa ou produzido em qualquer outro país (fora os Estados Unidos), do passado ou do presente, como: Jacques Tardi, Moebius, Johann Sfar, Osamu Tezuka, Hugo Pratt, Miguelanxo Prado - apenas para citar alguns poucos...
Os editores da Comic Book deveriam ter tido mais cuidado ao eleger os critérios desta votação para não passarem por este constrangimento. Confira a lista... Entre no site e deixe lá o seu protesto... Quem sabe os editores pensem duas vezes antes de voltar a fazer uma listagem assim.
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